Foram realizados quatro experimentos objetivando avaliar o nível de inclusão da casca de café na dieta de vacas lactantes e o teor de nutrientes digestíveis totais deste alimento. No primeiro experimento, avaliaram-se o consumo, a digestibilidade aparente, a produção e a composição do leite de vacas recebendo dietas contendo quatro níveis de casca de café na matéria seca total (0; 6; 12 e 18% da MS), em substituição à silagem de milho, que corresponderam aos níveis de 0,0; 6,0; 12,0 e 18,0% de casca de café na MS da dieta total. Foram utilizadas 12 vacas da raça Holandesa, em três quadrados latinos 4 x 4, distribuídas de acordo com o período de lactação. As dietas foram isoprotéicas, com 15,0% de proteína bruta (PB), constituídas de 60% de volumoso (silagem de milho e casca de café) e 40% de concentrado, em base da MS. Os consumos de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), carboidratos totais (CHO), carboidratos não fibrosos (CNF), extrato etéreo (EE) e nutrientes digestíveis totais (NDT) decresceram linearmente com a adição da casca de café, enquanto que o consumo de fibra em detergente neutro (FDN) aumentou (P<0,05) linearmente. As digestibilidades aparentes da MS, MO, PB, CHO, FDN e a concentração de NDT das dietas reduziram (P<0,05) linearmente com adição de casca de café, no entanto a digestibilidade do EE não foi influenciada pelos níveis de casca de café. A produção de leite apresentou comportamento quadrático (P<0,05), sendo a produção de máxima estimada de 26,83 kg leite/dia para o nível de 8,44% de casca de café, não havendo influencia sobre os componentes do leite (P>0,05). Recomenda-se a utilização de 8,5% de casca de café na dieta, por ter resultado em máxima produção de leite. No segundo, avaliaram-se a produção de proteína microbiana através dos derivados de purinas na urina e a concentração de uréia plasmática (NUP) e excreções de uréia em vacas em lactação, recebendo dietas contendo quatro níveis de casca de café na matéria seca total (0; 6; 12 e 18% da MS), em substituição à silagem de milho. Foram utilizadas 12 vacas da raça Holandesa, em três quadrados latinos 4 x 4, distribuídas de acordo com o período de lactação. As dietas foram isoprotéicas, com 15,0% de proteína bruta (PB), foram constituídas de 60% de volumoso (silagem de milho e casca de café) e 40% de ração concentrada, em base da MS. Observou-se decréscimo linear (P<0,05) para as excreções urinárias de alantoína, purinas absorvidas e compostos nitrogenados microbianos, estimando-se redução de 6,48 e 6,51 mmol/dia e de 4,70 g/dia por unidade de casca de café adicionada, respectivamente. A excreção estimada de acido úrico, eficiência microbiana e a relação entre PB e consumo de PB não foram influenciadas (P>0,05) pelos níveis de casca de café nas dietas, registrando valores médios de 19,06 mmol/dia; 133,88 g PB/kg de NDT e 54,83, respectivamente. O N-uréia plasmático e as excreções diárias de uréia e N na forma de uréia na urina (mg/kg PV e g/dia) decresceu linearmente (P<0,05) com adição de casca de café nas dietas, sendo observados decréscimos de 0,26mg/dL, 5,60 g/dia, 4,95 mg/kg PV e 3,08 g/dia para cada unidade de casca de café adicionada, respectivamente. A inclusão da casca de café em ate 18% na dieta de vacas em lactação reduziu os valores de alantoína, purinas absorvidas e produção de compostos microbianos. No terceiro, avaliaram-se o consumo, a digestibilidade aparente e a produção e composição do leite de vacas recebendo dietas contendo quatro níveis de casca de café na matéria seca total (0; 5; 10; 15% da MS) em substituição ao milho na ração concentrada. Foram utilizadas 12 vacas da raça Holandesa, distribuídas em três quadrados latinos 4 x 4, de acordo com o período de lactação. As dietas foram isoprotéicas, com 15,5% de proteína bruta (PB), constituídas de 60% de silagem de milho e 40% de ração concentrada, em base da MS. O consumo de extrato etéreo (EE) não foi alterado, enquanto que os consumos de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), PB, carboidratos totais (CHO), carboidratos não fibrosos e a concentração de NDT das dietas decresceram (P<0,05) linearmente com adição de casca de café, enquanto o consumo de fibra em detergente neutro (FDN) aumentou linearmente (P<0,05) com a adição de casca de café. As digestibilidades da MS, MO, PB, CT, FDN, CNF e a concentração de NDT das dietas reduziram (P<0,05) linearmente com adição de casca de café. A produção de leite e as quantidades de gordura, proteína, sólidos totais, extrato seco desengordurado e suas concentrações no leite não foram alteradas (P>0,05) pelos níveis de casca de café nas dietas. O saldo com alimentação por vaca e por litro de leite aumentou linearmente com o incremento de casca de café nas dietas. Recomenda-se a substituição do milho do concentrado pela casca de café em até 15% da matéria seca total da dieta. No quarto experimento, foram conduzidos três ensaios para se avaliar o valor nutritivo da casca de café, por meio de ensaios de digestibilidade com novilhos (Ensaio 1 e 2) e ovinos (Ensaio 3). As dietas foram constituídas de dois níveis de casca de café em substituição ao volumoso, correspondendo aos níveis de 5 e 15% da MS total da dieta. No Ensaio 1, o volumoso utilizado foi o feno de capim-tifton 85 e, nos ensaios 2 e 3 a silagem de milho. No Ensaio 1 observou-se menor (P<0,05) consumo de proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) e nutrientes digestíveis totais (NDT) e maior consumo de carboidratos não fibrosos (CNF) na dieta com 15% de casca de café. As digestibilidades MS, MO, PB e fibra em detergente neutro (FDN) foram menores (P<0,05) na dieta com 15% de casca de café. No Ensaio 2 não foi verificada diferença (P>0,05) entre o consumo, as digestibilidades e o teor NDT das dietas avaliadas. No ensaio 3, realizado com ovinos, observou-se menor consumo de MS e dos nutrientes na dieta com 15% de casca de café. Os coeficientes de digestibilidade da MS e dos nutrientes não foram influenciados pelos níveis de casca de café na dieta. As equações propostas pelo NRC (2001) mostraram-se eficientes para estimar o valor energético das dietas utilizadas, nas condições brasileiras. Observou-se um valor médio de 84,05 para NDT da casca de café, quando o volumoso foi a silagem de milho.
Four experiments were carried out to evaluate the level of inclusion of coffee hulls in lactating dairy cows diets, and the total digestible nutrients content of this feed. In the first experiment, was evaluated the consumption, apparent digestibility, milk production and composition of cows receiving diets containing four levels of coffee hulls in total dry matter (0; 6; 12 and 18% of DM), in substitution for the corn silage, that corresponded to the levels of 0.0; 6.0; 12.0 and 18.0% of coffee hulls in the total diet dry matter. Twelve Holstein cows were used in three latin squares 4 x 4, distributed according to the lactation period. The diets were isoproteic, with 15.0% of crude protein (CP), constituted of 60% of roughage (corn silage and coffee hulls) and 40% of concentrate, in dry matter basis. The dry matter (DM), organic matter (OM), crude protein, total carbohydrate (CHO), non-fiber carbohydrate (NFC), ether extract (EE) and total digestible nutrients (TDN) consumption’s decreased linearly with de addition of the coffee hulls, while the neutral detergent fiber (NDF) increased (P<0.05) linearly. The DM, OM, CP, CHO, NDF digestibility and the TDN concentration of the diets decreased (P<0.05) linearly with de addition of the coffee hulls, however EE digestibility was not influenced by the coffee hulls levels. Milk production presented a quadratic (P<0.05) response, with the maximum estimated milk production of 26.83 kg of milk/day for the level of 8.44% of coffee hulls, not having influence on milk components (P>0.05). Utilization of 8.5% of coffee hulls in the diet is recommended, because it resulted in maximum milk production. In the second experiment, was evaluated the microbial production by urine purine derivatives and plasmatic urea concentration (PUC) and urea excretion in lactation cows, receiving diets containing four levels of coffee hulls in total dry matter (0; 6; 12 and 18% of DM), in substitution for corn silage. Twelve Holstein cows, in three latin squares 4 x 4, distributed according to the lactation period. The diets were isoproteic, with 15% of crude protein (CP), constituted of 60% of roughage (corn silage and coffee hulls) and 40% of concentrate, in dry matter basis. A linear decrease (P<0.05) were observed for the urinary excretion of alantoin, absorbed purins and microbial nitrogen compounds, estimating a reduction of 6.48 and 6.51 mM/day and 4.7 g/day with each unit of coffee hulls added, respectively. The estimated uric acid excretion, microbial efficiency and the relation between CP and CP consumption were not influenced (P>0.05) by the coffee hulls levels in the diet, with mean values of 19.06 mM/day; 133.88 g CP/kg of TDN and 54.83, espectively. Plasmatic N-urea and daily urea and N excretion (mg/kg BW and g/day) decreased linearly (P<0.05) with coffee hulls addition, with decreases observed of 0.26 mg/dL, 5.6 g/day, 4.95 mg/kg BW and 3.08 g/day for each unit of coffee hulls added, respectively. The inclusion of coffee hulls up to 18% of lactation dairy cows diets reduced the alantoin, absorbed purins and microbial compounds production values. In the third experiment, were evaluated the consumption, apparent digestibility and milk production and composition of cows receiving diets containing four levels of coffee hulls in the total dry matter (0; 5; 10; 15% of DM) in substitution for the corn in the concentrate. Twelve Holstein cowls were used distributed in three latin squares according to the lactation period. The diets were isoproteic, with 15.5% of crud protein (CP), constituted of 60% corn silage and 40% of concentrate in dry matter basis. The consumption of ether extract (EE) was not altered, while the dry matter (DM), organic matter (OM), CP, total carbohydrate (CHO), non-fiber carbohydrate (NFC) consumption and TDN concentration decreased (P<0.05) linearly with the addition of coffee hulls, while the neutral detergent fiber (NDF) consumption increased (P<0.05) linearly with the addition of coffee hulls. The DM, OM, CP, CHO, NDF and NFC digestibility decreased (P<0.05) linearly with the addition of coffee hulls. Milk production and fat, protein, total solids, de degreased dry extract amounts and concentration were not altered (P>0.05) with coffee hulls addition. Balance with feeding by cow and by milk increased linearly with the increment of coffee hulls in the diet. Corn in the concentrate substitution by coffee hulls is recommended up to 15% of total diet dry matter. In the fourth experiment, three assays were carried out for the evaluation of coffee hulls nutritive value, by digestibility assays with bullocks (assay 1 and 2) and ovine (assay 3). The diets were constituted of two levels of coffee hulls in substitution for the roughage, corresponding to the levels of 5 and 15% of total DM of the diet. In assay 1 were observed smaller (P<0.05) consumption of crude protein (CP), ether extract (EE) and total digestible nutrients (TDN) and higher consumption of non-fiber carbohydrates (NFC) in the diet with 15% of coffee hulls. The DM, OM, CP and neutral detergent fiber (NDF) digestibility were lower (P<0.05) in the diet with 15% of coffee hulls. In the second assay no difference (P>0.05) were verified in the consumption, digestibility and TDN content of the diets evaluated. In the third assay, with ovine, less DM and nutrient consumption was observed with 15% of coffee hulls in the diet. The digestibility coefficients of DM and nutrients were not influenced by the coffee hulls levels in the diet. The equation proposed by NRC (2001), showed to be efficient for estimating the energetic value of the diets used, the Brazilian conditions. It was not possible to determine the TDN of the coffee hulls. A mean value of 84.05 TDN of the coffee hulls, when corn silage was the roughage.