Três experimentos foram conduzidos para avaliar a inclusão de casca de café na dieta de ovinos, novilhas leiteiras e vacas lactantes em substituição ao milho na ração concentrada. No Experimento I, avaliaram-se o consumo e a digestibilidade aparente dos nutrientes de dietas contendo diferentes níveis de casca de café (0,0; 6,25; 12,5; 18,75 e 25% da MS) em substituição ao milho na ração concentrada, que corresponderam aos níveis de 0,0; 2,5; 5,0; 7,5 e 10,0% de casca de café na MS da dieta total, respectivamente. Foram utilizados 20 carneiros, sem raça definida, distribuídos em um delineamento em blocos casualizados com cinco tratamentos e quatro repetições. As dietas isoprotéicas, com 10% de proteína bruta (PB), constituídas de 60% de feno de capim-coastcross e 40% de ração concentrada, em base da MS, foram fornecidas duas vezes ao dia ad libitum permitindo sobras de 5 a 10%. Os animais foram mantidos em gaiolas de metabolismo por um período de dezenove dias, sendo doze de adaptação e sete de coletas. Os consumos de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), PB, carboidratos totais (CT), fibra em detergente neutro (FDN) e carboidratos não fibrosos (CNF) e de nutrientes digestíveis totais observados (NDT) não foram influenciados pelos níveis de casca de café utilizados, observando-se valores médios de 1,41; 1,34; 0,15; 1,16; 0,71, 0,45; e 0,85 kg/dia, respectivamente. Já o consumo de extrato etéreo (EE) reduziu linearmente com adição de casca de café nas dietas. As digestibilidades aparentes da MS, MO, PB, FDN, CT e CNF não foram influenciadas pelos níveis de casca de café utilizados, registrando-se valores médios de 60,1; 62,1; 66,3; 46,9; 61,5 e 84,1%, respectivamente. Verificou-se efeito linear (P < 0,05) dos níveis de casca de café sobre a digestibilidade aparente do extrato etéreo e a concentração de NDT. Conclui-se que a casca de café pode ser incluída em até 25,0% na dieta de ovinos, substituindo ao milho na ração concentrada. No Experimento II, avaliaram-se o consumo, a digestibilidade aparente, o balanço de N, a síntese de nitrogênio microbiano e o desempenho de novilhas recebendo dietas contendo diferentes níveis de casca de café (0,0; 8,75; 17,5 e 26,25% da MS) em substituição ao milho na ração concentrada, que corresponderam aos níveis de 0,0; 3,5; 7,0 e 10,5% de casca de café na MS da dieta total, respectivamente. Foram utilizadas 24 novilhas 7/8, 15/16 e puras por cruza Holandês-Zebu, distribuídas em um delineamento em blocos casualizados com quatro tratamentos e seis repetições, sendo os blocos formados de acordo o peso dos animais. As dietas foram isoprotéicas, com 15,5% de PB, constituídas de 60% de pré-secado de Tifton 85 e 40% de ração concentrada, em base da MS. Os consumos de MS, MO, PB, CT e FDN não foram alterados (P > 0,05), registrando-se valores médios de 6,75; 6,23; 5,01; 1,04; 3,11 kg/dia, respectivamente. Os consumos de EE, CNF e de NDT reduziram linearmente (P < 0,05) com adição de casca de café. As digestibilidades da MS, MO, PB, EE, CT, FDN, CNF e a concentração de NDT das dietas reduziram linearmente com adição de casca de café (P < 0,05). A casca de café aumentou (P < 0,05) a excreção de N nas fezes e alterou o balanço de N. A excreção de alantoína, derivados de purinas totais e a síntese de proteína microbiana foram reduzidas (P < 0,05) pela adição de casca de café. O ganho de peso decresceu linearmente com a inclusão de casca de café, estimando-se redução de 6,94 g/unidade de casca de café adicionada. Conclui-se que a casca de café substituindo até 26,25% do milho na ração concentrada de novilhas leiteiras reduziu a ingestão de NDT, a digestibilidade dos nutrientes e a síntese de proteína microbiana, diminuindo conseqüentemente o desempenho dos animais. No Experimento III, avaliaram-se o consumo, a digestibilidade aparente, o balanço de nitrogênio, a síntese de proteína microbiana e a produção e composição do leite de vacas recebendo dietas contendo diferentes níveis de casca de café (0,0; 8,75; 17,5 e 26,25% da MS) em substituição ao milho na ração concentrada, que corresponderam aos níveis de 0,0; 3,5; 7,0 e 10,5% de casca de café na MS da dieta total. Foram utilizadas 12 vacas da raça Holandesa, em três quadrados latinos 4 x 4, distribuídas de acordo com o período de lactação. As dietas foram isoprotéicas, com 14,0% de PB, constituídas de 60% de silagem de milho e 40% de ração concentrada, em base da MS. Os consumos de MS, MO, PB, CT não foram alterados (P > 0,05), enquanto que o consumo de fibra em detergente neutro (FDN) aumentou (P < 0,05) com adição de casca de café. Já os consumos de CNF, EE e de NDT reduziram (P < 0,05) linearmente. As digestibilidades da MS, MO, PB, EE, CT, FDN, CNF e a concentração de NDT das dietas reduziram linearmente com adição de casca de café (P < 0,05). A casca de café aumentou (P < 0,05) a excreção de N nas fezes e causou um balanço de N negativo. As excreções de alantoína, ácido úrico, derivados de purinas totais e a síntese de nitrogênio microbiano não foram influenciadas (P > 0,05) pela adição de casca de café. A produção de leite 23,4 kg/dia e as quantidades de gordura, proteína, sólidos totais, extrato seco desengordurado e suas concentrações no leite não foram alteradas (P > 0,05) pelos níveis de casca de café na dieta. Conclui-se que apesar da casca de café ter proporcionado menor ingestão de NDT e diminuído a digestibilidade dos nutrientes da dieta essas alterações não foram suficientes para alterar a produção e a composição do leite, recomendando-se a inclusão deste resíduo em até 26,25% da MS da ração concentrada em substituição ao milho, o que corresponde a 10,5% na MS total da dieta.
Three experiments were conducted to evaluate the inclusion of coffee hulls in the diets of sheep, dairy heifers and lactating cows in substitution of ground corn in the concentrate ration. In the first experiment four levels of coffee hulls (0.0, 6.25, 12.5, 18.75 and 25.0% DM) in substitution of ground corn in their concentrate ration, which corresponding to levels of 0.0, 2.5, 5.0, 7.5 and 10.5% of the total DM in the diet were used to evaluate the effects on intake and apparent digestibility of nutrients. Twenty unknown breed sheeps were used in a randomized block design, with 5 treatments and 4 repetitions. The animals were fed ad libitum with isoproteic diets, 10% crude protein (CP), contained 60% of coastcross hays and 40% of concentrate in dry matter basis. The sheeps were maintained in a metabolism cage for a period of 19 days (12 days of adaptation and 7 days of data collection). The intake of dry matter (1.41), organic matter (1.34), CP (0.15), total carbohydrate (1.17), neutral detergent fiber (0.71) and nonfiber carbohydrate (0.45) and the total digestible nutrients (0.85) kg/day were not affected by the levels of coffee hulls. The intake of ether extract (EE) was linearly reduced by increasing of coffee hull. Coffee hulls did not affect apparent digestibility of dry matter (60.1%), organic matter (62.1%), neutral detergent fiber (46.9%), CP (66.3%), total carbohydrate (61.5%) and nonfiber carbohydrate (84.1%). Coffee hulls reduced the apparent digestibility of EE and total digestible nutrients (TDN) concentration of the diets. From the results it is possible to conclude that coffee hulls can be included up to 25% in the concentrate ration. In the second experiment were evaluated the intake, apparent digestibility, nitrogenous balance, microbial protein production and weight gain of heifers fed with four levels (0.0, 8.75, 17.5 and 26.25% DM) of coffee hulls in substitution of ground corn in their concentrate ration, which corresponding to levels of 0.0, 3.5, 7.0 and 10.5% of the total DM in the diet. Twenty-four crossbred heifers (7/8, 15/16 and 31/32 Holstein-Zebu) were assigned to a randomized block design with four treatments and six repetitions. The blocks were determined using the animals weight. All isoproteic diets, 15.5% CP, contained 60% of Tifton 85 haylage and 40% of concentrate on dry matter basis. The intake of dry matter (6.75), organic matter (6.23), CP (1.04), total carbohydrates (5.01) and neutral detergent fiber (3.11) kg/day were not affected (P > 0.05) by addition of coffee hulls. Intake of EE, nonfiber carbohydrates (NFC) and TDN showed a linear reduction (P < 0.05) when coffee hulls were increased. A linear decreasing (P < 0.05) was observed to digestibility of dry matter (DM), organic matter (OM), CP, EE, total carbohydrate (TC), NDF, NFC and TDN when coffee hulls levels were increased. Coffee hulls increased the excretion of N in the feces resulting in significative alteration of nitrogenous balance. Coffee hulls added reduced (P < 0.05) the excretion of allantoin, purine derivatives and microbial protein production. The daily weight gain showed a linear reduction when coffee hulls were added. From the results it is possible to conclude that substitution of corn by coffee hulls in the concentrate ration up to 26.25% decreases the TDN ingestion, nutrients digestibility and microbial protein production decreasing and also the animals weight gain. In the third experiment were evaluated the intake, apparent digestibility, nitrogenous compounds balance, microbial protein production, milk composition and production of dairy cows fed with four levels (0.0, 8.75, 17.5 and 26.25% DM) of coffee hulls in substitution of ground corn in their concentrate ration, which corresponding to levels of 0.0, 3.5, 7.0 and 10.5% of the total DM in the diet. Twelve Holstein-Zebu cows were used in the experiment and they were assigned to three Latin square design, squares were design using milk production period. All isoproteic diets, 14% CP, contained 60% of corn silage and 40% of concentrate on dry matter basis. The intake of DM (18.53), OM (17.23), CP (2.72) and TC (14.03) kg/day was not affected by the inclusion of coffee hulls. The intake of NDF showed a linear (P < 0.05) increasing. However the intake of EE, NFC and TDN showed a linear reduction. The digestibility of DM, OM, CP, EE, TC, NDF, NFC, and TDN showed a linear reduction (P < 0.05) when coffee hulls were added. Coffee hulls increased excretion of N in the feces (P < 0.05) resulting in nitrogenous balance negative. Allantoin, uric acid, purine derivatives excretion and microbial protein production were not affected by the increased of coffee hulls. Milk production (23.4 kg/day) and percent of fat, protein, total solids and their quantities in milk were not affected by coffee hulls levels. From the results it is possible to conclude that coffee hulls can be included up to 26,25% in the concentrate ration for dairy cows, which corresponding to 10,5% of the total dry matter in the diet.