Colletotrichum gloeosporioides sempre esteve associado ao sintoma de antracnose do cafeeiro, embora não tenha sido possível provar a sua patogenicidade à planta. Em 2010, de amostras de Coffea spp. do Espírito Santo e Bahia, foi isolado, além de C. gloeosporioides, um Colletotrichum com características morfológicas diferentes (colônia branca a róseo-alaranjada, com halos concêntricos escuros). A identificação da espécie foi feita pela amplificação da região ITS (internal transcribed spacer) do rDNA com o primer universal ITS4 em combinação com os primers CaInt2, CgInt e Col1, específicos para C. acutatum, C. gloeosporioides e C. boninense, respectivamente. Os primers ITS4 e Col1 amplificaram um produto único de aproximadamente 500pb, esperado para C. boninense. A região ITS do rDNA e o gene GAPDH do isolado do Espírito Santo foram amplificados pelos primers ITS1 e ITS4, e GDF e GDR, respectivamente. As sequências resultantes foram depositadas no GenBank com números de acessos JF683320 e JF331654, respectivamente, e analisadas filogeneticamente com outras espécies de Colletotrichum. A região do rDNA apresentou 99% de identidade com sequências de C. gloeosporioides e C. boninense. No entanto, a análise do gene GAPDH confirmou que o isolado era definitivamente C. boninense sensu lato, por se mostrar idêntico a outras sequências em um amplo clado de isolados da espécie. Para avaliar a patogenicidade de C. boninense ao cafeeiro foi usada uma suspensão de conídios a 106 conídios.mL-1 para inoculação em hipocótilos, com e sem ferimento. Trinta dias após a inoculação foi detectada necrose em 30% dos hipocótilos com ferimento. Folhas destacadas foram inoculadas com discos de micélio e apresentaram lesão sete dias após a inoculação, somente no tratamento com ferimento. No momento, estão sendo inoculados frutos verdes destacados de cafeeiro e os resultados sugerem a associação entre C. gloeosporioides e C. boninense no estabelecimento da doença. Este é o primeiro relato de C. boninense associado à antracnose do café no Brasil.
Colletotrichum gloeosporioides has always been associated with anthracnose symptoms of coffee. However, it has not been possible to confirm its pathogenicity to the plant. In 2010, besides C. gloeosporioides, another fungus of the genus Colletotrichum showing distinct morphological characteristics (colonies white to orange-pinkish, with grey concentric haloes) was isolated from necrotic leaves and branches of Coffea canephora cv. Konillon in the Espirito Santo and Bahia State. The identification of the unknown Colletotrichum species was accomplished by amplifying the internal transcribed spacer (ITS) region from rDNA with the universal primer ITS4 in combination with the species-specific primers CaInt2, CgInt and Col1, for C. acutatum, C. gloeosporioides and C. boninense, respectively. The primers ITS4 and Col1 amplified a single DNA product of approximately 500bp, which is expected for C. boninense. Sequences data from the rDNA ITS region and from the Glyceraldehyde 3-phosphate dehydrogenase (GAPDH) gene of the isolate from Espírito Santo were deposited in GenBank under the accession numbers JF683320 and JF331654, respectively. Those DNA sequences, as well as sequences from other Colletotrichum species were used for phylogenetic analysis. The ITS sequence showed an identity value of 99% with C. gloeosporioides and C. boninense sequences. On the other hand, analysis with GAPDH gene confirmed that the isolate is definitely C. boninense sensu lato, once it was exactly identical to other GAPDH sequences in a large clade of isolates from this species. The pathogenicity of C. boninense was evaluated by inoculating conidial suspension at 106 conidia/mL in wounded and non-wounded coffee hypocotyls. Thirty days after inoculation, necrosis was detected in 30% of wounded hypocotyls. Wounded detached leaves were inoculated with mycelia disks and they showed necrotic lesions seven days after inoculation. Detached green berries are currently being inoculated and the results suggest an association between C. gloeosporioides and C. boninense to establish the disease. This is the first report of C. boninense associated with anthracnose disease of coffee in Brazil.