Até 1989 o mercado de café foi marcado por um longo histórico de regulamentação. Além do Acordo Internacional do Café, que ditava as regras em nível internacional, em cada país o preço pago aos produtores era determinado pelo Estado de acordo com as necessidades locais, independentemente das condições de oferta e demanda. Como isso era feito de maneira distinta em cada país, os preços deixavam de refletir qualquer tendência de equilíbrio. Assim, o principal objetivo deste estudo foi investigar se, com a liberalização, os preços em nível de produtor passaram a ser integrados, compartilhando uma tendência comum de comportamento no longo prazo. Foi analisado também o grau de integração, medido pelo tempo necessário para que o mercado retornasse ao equilíbrio após um choque. O trabalho foi fundamentado na teoria de integração de mercados e nas relações estabelecidas entre produtores e firmas processadoras, que caracterizam um processo de interdependência oligopsônica. Analiticamente, utilizou-se um modelo multivariado de co-integração, por meio do procedimento de Johansen (1988), e perfis de persistência. Os resultados indicaram que Brasil, Colômbia, México, Guatemala, Peru e Honduras, representantes do mercado de café arábica (no período de janeiro de 1990 a junho de 2007) foram integrados entre si. Igualmente, os preços de café robusta do Vietnã, Brasil e Indonésia (entre janeiro de 1988 e maio de 2005) também foram integrados. Em cada país, os preços reagiram de maneira significativa às alterações no preço internacional. Acredita-se que o fato de poucas firmas controlarem o comércio de café verde, comprando o produto dos mesmos exportadores e, possivelmente, aplicando políticas semelhantes, permitiu que houvesse co-movimento de preços. Contudo, não se deve negligenciar o papel das condições da oferta para explicar essa integração. O padrão de relacionamento não foi caracterizado por extrema interdependência ou integração perfeita e deixou claro que questões relativas à liberalização do mercado ainda exercem influência sobre o equilíbrio de longo prazo. Os ajustes mais rápidos ocorreram entre os preços internacionais e os do Brasil e Vietnã, numa clara indicação de que, quanto maior a participação na produção e exportação, mais alto é o grau de integração. Concluiu-se, portanto, que no período analisado houve um fluxo comum e único de informações ao longo dos diversos players do setor, que responderam às condições do mercado mundial. Uma conclusão geral é a de que o mercado não é segmentado e há transmissão de preços, mesmo prevalecendo uma estrutura de concorrência imperfeita e, portanto, políticas de controle de preços não são mais viáveis.
Until 1989, the coffee market was marked by a long history of regulation. In addition to the International Coffee Agreement, which dictated the rules at an international level, in each country the price paid to producers was determined by the state according to local needs, regardless the conditions of supply and demand. It was made in a different way in each country. Thus, prices didn’t reflect any trend of balance. Thus, the main purpose of this study was to investigate if, with the liberalization, the prices at the producer level have been integrated, sharing a common trend of behavior in long term. It was also examined the degree of integration, measured by the required time for the market to return to the balance after a shock. The study was based on the theory of market integration and on the relationship between producers and processing firms, which characterize a process of oligopsonistic interdependence. Analytically, it was used a multivariate model of cointegration (the reduced VAR proposed by Johansen, 1988) and persistence profiles. The results indicated that Brazil, Colombia, Mexico, Guatemala, Honduras and Peru, representatives of the arabica coffee market (from January 1990 to June 2007) were integrated with each other. Plus, prices of robusta coffee from Vietnam, Brazil and Indonesia (between January 1988 and May 2005) were also integrated. In each country, prices reacted to changes in the international price. It is believed that the fact of few companies control the trade of green coffee, buying the products from the same exporters, and possibly applying similar policies, allowed the existence comovement of prices. However, we should not neglect the role of the conditions of the supply to explain this integration. The pattern of relationship was not characterized by strong interdependence or perfect interaction and it remained clear that questions concerning to the market liberalization also influence in the long term balance. The most quick adjustments occurred between international prices and those of Brazil and Vietnam, a clear indication that the higher the participation in the production and export the higher degree of integration. Therefore, in the analyzed period there was a common and unique flow of information throughout the players in the industry, which responded to market conditions worldwide. A general conclusion is that the market is not segmented and there is transmission of prices, even being prevalent a structure of imperfect competition. This way, policies to control prices are no longer viable.