Resumo:
No mercado mundial tem crescido a demanda pelo café cultivado no sistema orgânico, cujo processo de produção não permite o uso de agrotóxicos, o que leva à busca por alternativas para o manejo de doenças e pragas, principalmente a ferrugem do cafeeiro, considerada a doença de maior gravidade, não só no Brasil, mas em todo o continente americano. A cultura também está sujeita à cercosporiose, importante doença nos primeiros anos da cultura. Entre as principais pragas figura o bicho mineiro,
importante em todas as fases da cultura por causar intensa desfolha e, conseqüentemente, retardo no desenvolvimento da planta nos primeiros anos e queda de produtividade na lavoura adulta. Por isso o objetivo deste trabalho foi avaliar o nível de ataque de ferrugem, cercospora e pelo bicho mineiro no primeiro ano de cultivo do cafeeiro sob sistema orgânico, em função do manejo da cobertura do solo. O plantio foi realizado em 28/11/01, no espaçamento 2,80 x 0,5m, em blocos ao acaso e quatro repetições, utilizando mudas da cultivar Oeiras. As ruas receberam os seguintes tratamentos: 1) capina com enxada (testemunha); 2) roçada periódica da vegetação espontânea; 3) manutenção de camada de 10 cm de cobertura morta; 4) amendoim forrageiro (Arachis pintoi cv. Amarillo); 5) brachiaria (Brachiaria brizantha); 6) guandu (Cajanus cajan cv. Arata); 7) guandu (Cajanus cajan cv. Caqui); 8) estilosantes (Stylosanthes capitata); 9) estilosantes (Stylosanthes guianensis cv. Mineirão); 10) setária (Setaria sphacelata cv. Kazungula); 11) feijão caupi (Vigna unguiculata); 12) trapoeraba (Commelina benghalensis). As plantas de cobertura foram roçadas no florescimento e coloca-das na linha de plantio dos cafeeiros, como adubos verdes. As linhas de plantio dos cafeeiros foram mantidas limpas e durante o ano receberam adubação orgânica, defensivo natural "Nim", biofertilizante "Supermagro" e Viça Café Plus. No período seco, apenas as parcelas que permaneceram no limpo e, principalmente, as parcelas que receberam cobertura morta, apresentavam plantas enfolhadas e totalmente sadias. As outras
parcelas apresentavam sintomas nítidos de déficit hídrico e nelas as plantas apresentaram maior ataque de bicho mineiro e maior seca de ponteiros. Em novembro de 2002 foi feito o replantio das plantas que morreram. No final de dezembro, com a normalização das chuvas, ocorreu boa recuperação dos cafeeiros em todas as parcelas. De modo geral, os cafeeiros apresentaram boa tolerância às doenças e praga avaliadas, mas ocorreu variação de valores de ataque entre as diferentes coberturas do solo.
Descrição:
Trabalho apresentado no Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil (3. : 2003 : Porto Seguro, BA). Resumos. Brasília, D.F. : Embrapa Café, 2003.