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Diversos estudos realizados com sistemas orgânicos têm mostrado a viabilidade e sustentabilidade ecológica, social e econômica desses agroecossistemas, principalmente pela sua alta capacidade de resiliência, confiabilidade, auto-suficiência e produtividade, ao contrário dos sistemas agroquímicos (convencionais) de produção. Alguns estudos concluíram que o modelo agroquímico existe pouca interação entre os fluxos de energia interna, basicamente a lavoura recebe todos os insumos para a produção não havendo aumento na “qualidade energética” interna ao sistema. No entanto, o modelo orgânico de produção apresenta maior interação entre os diferentes recursos existentes no sistema. A maior utilização de insumos externos na produção agroquímica obriga, em contra partida, maiores gastos de capital pelos produtores relativos à contratação de financiamentos para compra dos materiais, o que acaba por criar um ciclo de dependência dos produtores por financiamentos externos e aumentando consideravelmente os custos finais de produção. As atuais crises econômica e ecológica, expõem a insustentabilidade do padrão produtivo da agricultura desenvolvida de forma industrializada, evidenciando à dependência dos países do primeiro mundo na importação de commodities agrícolas produzidas no terceiro mundo, dentre elas, o café. Agravando-se o problema no Brasil que também existe uma demanda reprimida no mercado interno. Diante destes fatos desenvolveu-se uma pesquisa para identificar os problemas na região da Alta Paulista, Oeste do Estado de São Paulo, com relação aos sistemas de produção de café. Atualmente, os problemas fundamentais, de acordo com a pesquisa realizada, dos agricultores nesta região, residem: (i) na escolha de um sistema de produção corretamente viável (ambiental, social e econômicamente) agroquímico ou orgânico e (ii) no método de avaliação de investimentos mais seguro, pois os recursos são escassos e os riscos enormes. Os objetivos deste estudo são analisar a produtividade, a rentabilidade e os aspectos sócio-econômicos, ambientais e energéticos; efetuar comparações dos sistemas de produção de café orgânico e agroquímico e realizar avaliações de investimentos no período de 2003 à 2007, em trinta propriedades produtoras, localizadas nesta região, com a finalidade de apontar o sistema de produção que apresenta a maior viabilidade. De acordo com a metodologia da CONAB, os dados coletados foram registrados em planilhas eletrônicas para serem utilizados como variáveis nos modelos de análises estatística e matemática. Utilizando-se os métodos estatísticos, desenvolveram-se, a análise descritiva dos dados de produtividade e rentabilidade, denominado análise de variância, teste F de Snedecor, para dados que apresentavam distribuição normal, com posterior comparação de médias pelo teste de Tukey. Para os dados com distribuição não-normal, utilizou-se o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, com posterior comparação de medianas pelo teste de Dunn. A análise matemática das curvas foram elaboradas com o software Origin for Windows 6.0, que utiliza métodos numéricos para ajuste dos dados fornecidos à uma função de parâmetros variáveis. A curva objetivou criar uma lei que descreva a produtividade e rentabilidade de cada sistema cafeeiro. A solução do sistema foi determinada através do software Mathematica 5.2. Foram mediante esses métodos que se encalçou a capacidade de inferências explicativas da pesquisa. Utilizando-se principalmente do diálogo semi-estruturado, valorizando o conhecimento empírico adquirido pelos agricultores. Ao contrário dos sistemas convencionais de produção, o sistema orgânico evidenciou a viabilidade do modelo de produção nas dimensões produtiva, ecológica e econômica do ideal de sustentabilidade. Quando se analisa a quantidade de biomassa produzida no sistema orgânico verifica-se um valor muito superior em relação ao sistema convencional. A produtividade média do sistema orgânico (17,1 scs/ha) está abaixo da produtividade média brasileira do café convencional (18,9 scs/ha). No entanto, quando se analisa a rentabilidade do sistema orgânico verifica-se um valor muito superior em relação ao sistema convencional. Com os testes, produtividade e rentabilidade, realizados através das análises quantitativas, foi possível revelar o sistema de produção que possui maior viabilidade econômico-financeira. Portanto, a modelagem quantitativa sugerida, poderá ser usada na avaliação destes investimentos, proporcionando maior segurança, ao agricultor, no momento da decisão. A modelagem quantitativa demonstrou a viabilidade dos sistemas de produção. De acordo com os resultados apresentados o sistema de produção orgânico é o que apresenta a maior viabilidade econômico-financeira para os agricultores nesta região. |
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